sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Mio dentista

Desde bambino, a cosa qui mais me mete paúra é sentá naquela maledetta daquela cadeira. Si me falasse, “Beppo, você quer ir no dentista ou pro Irak?” Io ia pra Irak. Juro per Dio qui io ia mesmo. É aquele disgraciato do barulhinho do motore, as anestesia e a própria cadeira, si signore, son isso tutto qui me faz tremê dos pé à cabeça.
E olha qui me sobraro pocos dentes de verdade na boca. Mesmo assi, esses poco me faz sofrê por eles e pelos qui já foro arrancado.
Bene, o mio dentista é speciale. Ele consegue ser mais vecchio qui io. Ele se formou na primeira turma da Faculdade de Odontologia do Rio de Janeiro. Faz tanto tempo qui ele se diplomou qui naquela época só tinha tido a Primeira Guerra Mondiale. O sporcaccione do Hitler ainda jogava bolinha de gude e andava de calça curta.
O mio dentista fala tanto, mais tanto, qui me lembra uma televisione. Já o mio barbeiro é diferente de tutto os otro barbeiro do mondo. Non abre a boca. Fica quieto o tempo todo (a gente só sabe qui ele está vivo, perche a máquina de cortá o capelli non pára de funcioná). O dentista, pelo contrário, conta as história, lembra dos amici, pede as opinion dos paciente, enquanto prepara as massa das obturacione.
“Lembra do Umberto Bassani, aquele barrigudo, que fumava sem pará?”
Io até qui costumo respondê as pergunta dele, mais é dificile falá com cano de sugá a saliva enfiado na boca e os algodão por dentro das bochecha. Mesmo assi, ainda tento respondê: “Sssssi, me membo deli...”
“Então, o Umberto barrigudo morreu.”
Questa settimana, lá estava io na cadeira elétrica, com a boca cheia dos instrumento, cuando o dentista me dice: “Escuta Beppo, você vai ter qui procurá otro dentista, perche pra fazê questo canale precisa ter as mão firme e as minha treme multo. Non vai dá”. Juro qui na hora me deu uma dor no coração, perche io sou um uomi fidelo. Pra mim, trocá de dentista era impensábile, como trocá de esposa. Mesmo assi, fui no consultório de uma menina dentista, recém-formada, qui podia ser a mia neta. Ela olhou pra dentro dos meus dente, mexeu nas obturacione e abriu a a boca de espanto: “Nossa, signore Beppo, esses metale qui tem aqui dentro parece da época da Segunda Guerra Mondiale”. “Da Primeira”, io corrigi.

Nenhum comentário: