sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O Maledeto da Carrocinha

Quem apareceu lá no bar do Pinhata dia desses foi o Orivaldo Brancaleone. Careca, alto, forte e bigodudo, o Orivaldo é laçador de cachorro das carrocinha. Ele me fazia dupla com o Aldêmio Santini, um ex-lutador de boxe do Palestra, da época em que o Palestra tinha boxeur e patinador de gelo. O Aldêmio se aposentou da Carrocinha e oggi ensina os moço a lutar boxe lá no ginásio de Mauá, qui fica debaixo do ponte.
Bene, questo Orivaldo é um demônio do laço. Ele me vê um cachorrinho a uns 50 metro de distância, faz assim com a corda no ar e joga direto no bichinho. É tiro e queda. No caso, o certo seria dizer laço e queda.
A cosa mais triste dessa história é qui o Orivaldo gosta dos cachorrinho. Cada um que ele pega, sente uma dor profunda no coraçon. “Io sinto multa pena dos cani, Beppo”, ele me conta, com os olho cheio de lágrima.
Si o signore acha qui a vita de um laçador de cani é fácil, o signore está multo enganado. São poca as pessoa deste mondo qui gosta da Carrocinha e dos laçador. O Orivaldo me conta qui já levou vassourada nas costa e pedrada na cabeça.
“Non tene um giorno, Beppo, qui uma dona non me acerta a testa com a vassoura. Elas até me xinga: Morre, maledeto disgraciato!”
Devo dire qui io mesmo non gosto da Carrocinha. Cuando era bambino, eles me levaro um cachorrinho amarelo, qui se chamava Legume (perche ele comia alface e brócoles). Na época, a mia famiglia non tenia multo dinheiro e io non pude pagar a licença e pegar o mio cachorrinho de volta. O povero do Legume foi transformado em sabone. Até oggi, sinto saudade do Legume.
Mesmo assim, devo reconher qui o trabalho da Carrocinha é multo importante, perche eles evita qui a doença da raiva se espalhe pela citá. Os cani, os morcego e até os macaco podem transmitir questa doença fatale.
Além de ter pocos amici, os laçador de cani da Carrocinha precisa ser multo esperto, perche tem cachorrinho qui já foi “em cana”, como diz o Orivaldo, e sabe se esconder dos laçador. “Está cheio de malandro por aí, Beppo. Eles ficam abaixadinho e só levanta cuando a polícia (a Carrocinha) vai embora.”
Entre esses “cadeeiro”, qui me fala o Orivaldo, tinha um cani vecchio, chamado Pretinho, qui ficava ali no Jardim do Mar e sempre conseguia escapar dos laçador. “Ele era uma lenda”, conta o Orivaldo, “tinha até recompensa pra quem conseguisse pegar o Pretinho.”
Me dissero qui o Pretinho foi embora pras Minas Gerais e oggi está aposentado. Non precisa se esconder mais da “polícia” e vive a vita qui pediu a Dio em um sítio belíssimo, com cascata e piscina.
Io escrevi questa coluna, pensando na bambina Isabella Dias Fantin, de 8 anni, que gostava de ler as história do Dentinho. O Dentinho era aquele cachorrinho do Pinhata que adorava comer bolinho de bacalhau e tomar pinga. A Isabella me pergunta onde ele foi parar. O Dentinho, mia cara Isabella, mora hoje no Céu, onde faz a alegria dos anjinho.

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